Diocese de Cruz Alta

Destaques, Notícias › 07/11/2020

Mês de novembro será marcado por ordenações

Cleiton Turela Moraes e Luiz Carlos Campos

Duas ordenações estão previstas para este mês de novembro. A primeira será presbiteral, no dia 20 de novembro, na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, de Mormaço. Depois de quase cinco anos, Dom Adelar Baruffi irá ordenar o segundo padre, desde sua posse como Bispo Diocesano. A segunda será diaconal, no dia 22 de novembro, na Paróquia Cristo Rei, em Ijuí.

Ordenação Presbiteral de Cleiton Turela Moraes

Filho de Cleonir da Veiga Moraes e de Marilene de Lurdes Moraes, nascido em 26/04/1986 em Soledade/RS, Cleiton Turela Moraes, será ordenado presbítero no dia 20 de novembro, na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes em Mormaço/RS. Esta será a segunda ordenação presbiteral em cinco anos, na Diocese de Cruz Alta. Conversamos com o futuro sacerdote, para saber sobre sua expectativas e vocação.

Revista Voz da Diocese: Como você compreende a identidade e a missão do presbítero hoje, na Igreja e na sociedade?
Cleiton: Olhando para a realidade do mundo atual é de suma relevância que o presbítero seja um ‘homem do povo’ – como nos diz Dom Adelar – que tenha uma identidade fundada na figura de Jesus Cristo como o Bom Pastor que dá sua vida pelo seu rebanho, que não meça esforços na ‘cultura do encontro’, que abdique de si mesmo para o próximo. Devemos pautar nossa missão não em nós mesmos, mas em Jesus Cristo como enviado de Deus, como principio e fim. O presbítero deve estar preparado para toda e qualquer situação pois vivemos em um tempo de ‘indiferentismo religioso’ em nossas comunidades. Sua identidade deve ser Cristo, a sua missão deve ser Cristo. Fora disso corremos o risco de acharmos que temos uma ‘identidade’ e que temos uma ‘missão’ na Igreja e na sociedade.
Revista Voz da Diocese: Como é tua relação com os colegas padres, as irmãs e o nosso povo da Diocese?
Cleiton: Agradeço e bendigo a Deus por fazer parte da Diocese de Cruz Alta. Talvez não seja ‘a melhor’ de todas as Igrejas particulares, mas com certeza estamos no caminho. Não tenho nenhum problema e nada contra os meus colegas de presbitério, nem com as religiosas e muito menos com o povo de nossa Diocese. O que há, é que nos identificamos mais com algumas pessoas do que com outras, sempre temos algumas ‘preferencias’ isto faz parte do ser humano e não é diferente de nós como agentes de pastoral. Mas reitero que minha relação e minha estima pelos padres, religiosas e o povo de Deus de nossa Diocese é muito boa, sempre os coloco em minhas orações.

Revista Voz da Diocese: Em qual missão poderás exercer tua vocação?
Cleiton: Acredito que posso exercer minha missão em todas as pastorais, movimentos e serviços de nossa Igreja, mas sempre me chamou a atenção o trabalho com a evangelização no ‘corpo-a-corpo’, ou como nos diz o Papa Francisco ‘no estar junto’, me identifico muito com as que tenham de ir na residência (casa) das pessoas, como a pastoral missionária, a pastoral da criança, a pastoral da visitação entre outras sempre usando de ‘empatia’, colocando-se sempre no lugar do outro, mais ouvindo do que falando, conhecendo a realidade do povo no dia-a-dia, suas alegrias e tristezas, medos e esperanças. Quando estava no Pará, no meu ano de pastoral, passei mais tempo visitando e convivendo no lar das pessoas do que na casa paroquial na Igreja. Isto era por vezes exaustivo, mas de contra partida me realizava e os realizava pois eu ‘era um como eles’. Assim me identifico muito com o fato de ‘ir’ ao encontro do outro e não esperar que ele venha primeiro.

Revista Voz da Diocese: Sobre tua ordenação, uma palavra. O teu lema, a espera e a alegria de ser ordenado presbítero, mesmo neste tempo de pandemia.
Cleiton: Com certeza um momento ‘ímpar’ em minha vida pessoal e vocacional, pois é a realização de uma caminhada que se iniciou a alguns anos, com momentos de dúvida, mas sobretudo de certezas e alegrias. Meu lema foi retirado do evangelho de João capítulo 21 versículo 17b; ‘Cognoscis quia amo Te’ (Apascenta Minhas Ovelhas). Sempre gostei dos escritos de São João principalmente quando o mesmo traz aspectos de ‘cuidado’ e ‘zelo’ pelo próximo. Na passagem que escolhi para meu lema, tanto de Ordenação Diaconal como Presbiteral, vou buscar vivê-lo cotidianamente na minha prática pastoral; ‘Apascenta Minhas Ovelhas’ diz Jesus. Após Pedro negar Jesus 3 vezes, Jesus questiona a fidelidade de Pedro 3 vezes, e Pedro afirma sua fidelidade ao projeto de Deus, assim Jesus confia a Pedro o cuidado de seu rebanho. Assim tentarei ser em meu ministério presbiteral; apascentar, cuidar e reger o rebanho (povo), que me for confiado, talvez não seja o ‘melhor’ rebanho o ‘melhor’ povo, mas vou amá-los e zelar por eles como Pedro o fez. Totalizando minha caminhada vocacional são 12 anos, em várias etapas e cidades e cada dia, que chega mais perto da ordenação, o coração bate mais descompassado e a palavra por tudo isso é ‘gratidão’. Gratidão por tudo que passei e realizei e, com certeza, como padre vou realizar mais ainda. Bem sabemos que estamos passando por um tempo ‘atípico’ com esta pandemia, um tempo de incertezas e poucas realizações. Mas com a graça de Deus e as bençãos de Nossa Senhora de Fátima e com o apoio de nosso clero, nossas lideranças diocesanas e de nosso prelado Dom Adelar tenho a alegria de ser ordenado presbítero para servir a Igreja e o povo de Deus mesmo que seja com este cenário desolador de pandemia.

Revista Voz da Diocese: Estamos ordenando o segundo padre na Diocese, após cinco anos. O que você tem a dizer sobre isto? Sobre o Ano Vocacional Diocesano?
Cleiton: Fico com dois sentimentos. Primeiro a ‘alegria’ de estar concluindo esta etapa vocacional pois logo estarei em outra, sendo que a formação é permanente, ou nunca acaba. Mas também fico um pouco ‘triste’, pois cinco anos sem ordenações é um período muito longo, não podemos ficar tanto tempo assim, sem ninguém concluindo a etapa da configuração. É importante que olhemos para este vazio dos cinco anos sem nenhuma ordenação com uma atenção redobrada e nos perguntando: -o que houve? -como chegamos a isso? Partindo assim para uma pastoral vocacional que não deixe essas lacunas em branco, lembrando que a pastoral vocacional é missão de todos. Com certeza o ‘ano vocacional’ vem num bom momento, pois é de suma importância que redobremos nossos esforços na promoção vocacional, criando uma ‘cultura vocacional’ olhando para as mais diversas vocações que encontramos em nossa Igreja, sobretudo na vocação presbiteral que mais sofre. Talvez o ano vocacional venha a acabar, mas o esforço em ajudar nossos jovens e adultos a decidirem sua vocação deve continuar como preceito diário de cada um, não é só missão do padre ‘garimpar’ vocações, mas de todos os batizados. O ano vocacional diocesano só será válido se nos ‘inquietar’ na perspectiva de que em minha comunidade devam florescer vocações.

Ordenação Diaconal de Luiz Carlos Campos

Filho de Rosalina Morari de Campos e João Pedro de Campos, Luiz Carlos de Campos, 40 anos, é natural de Barros Cassal – RS. Ele será ordenado Diácono no dia 22 de novembro, na Paróquia Cristo Rei, de Ijuí, com o lema: “Venham, benditos de meu Pai!” (Mt 25,34)
Conversamos com o futuro diácono para saber sobre sua expectativas e vocação.

Revista Voz da Diocese: Como iniciou sua caminhada vocacional? Conte um pouco da sua história.
Luiz: Com menos de um ano de idade, depois de batizado, minha família e eu partimos para a região de Porto Alegre/Sapucaia do Sul, em busca de melhores condições de vida. Meu pai e seus irmãos herdaram a profissão do meu avô, de mecânico e chapeador de automóveis, função que meu pai se dedica até hoje. Fui educado na fé por minha mãe e família, que participavam da comunidade paroquial Nossa Senhora da Conceição/Sapucaia do Sul. Nesta comunidade recebi a primeira Eucaristia e Crisma. Logo no período da catequese senti forte o apelo vocacional ao sacerdócio, comecei a participar do grupo de coroinhas, grupo de jovens e encontros vocacionais da diocese de Porto Alegre. Aos 16 anos ingressei no seminário menor em Gravataí, onde permaneci por um ano. Posteriormente saí e fui trabalhar como soldador e montador em Porto Alegre, depois de cursar SENAI. Trabalhei nesta profissão por 3 anos até sofrer um acidente de moto com fratura de fêmur que me deixou de cama por cerca de 3 anos, entre uma cirurgia e outra.
No final do tempo de convalescença, num domingo de oração no CECREI/São Leopoldo, conheci o padre Leopoldo Adami SJ, que me fez encantar pela Espiritualidade Inaciana (de Santo Inacio de Loyola). Na época eu namorava já há alguns anos, depois de um ano e meio de discernimento com padre Leopoldo, comecei a participar dos encontros vocacionais com os jesuítas, congregação que permaneci de janeiro de 2005 até janeiro de 2019. As etapas de formação que realizei junto aos jesuítas foram: comunidade vocacional: São Leopoldo-RS (2005); noviciado: Cascavel/PR (2006-2007); juniorado: João Pessoa/PA (2008); filosofia: FAJE/Belo Horizonte – MG (2009-2011); magistério: como professor e orientador no Colégio Catarinense/ realizei uma Especialização em Pedagogia Inaciana pela Unisinos – Florianópolis/SC (2012-2014); teologia: Pontifícia Universidad Javeriana – Bogotá/Colombia (2015-2017); missão/paróquia Nossa Senhora do Rosário – Russas/CE (2018).
Assim que saí de Russas passei seis meses morando e ajudando os freis da Opera Santa Maria da Luz, em Palhoça/SC. Nesse período, além de ajudar no trabalho com os moradores de rua acolhidos pela Opera, colaborava na paróquia Nossa Senhora do Rosário com celebrações/pastorais, também trabalhei no colégio Menino Jesus CEMJ (das Irmãs Franciscanas de São José) em Florianópolis. No final desse período entrei em contato com Dom Adelar, manifestando meu desejo de fazer uma experiência na Diocese de Cruz Alta.

Revista Voz da Diocese: Porque escolheu a Diocese de Cruz Alta?
Luiz: Estava desejoso de ingressar ao clero diocesano e voltar ao Rio Grande do Sul, depois de tanto tempo para estar mais próximo da minha família, em especial minha mãe que tem passado por problemas de saúde. Por sugestão do amigo Tiago Zeni, que foi meu colega na Companhia de Jesus, me passou o contato de Dom Adelar que me acolheu com solicitude, assim iniciamos nossas conversas. Cheguei na diocese dia 25/10 do ano passado, na paróquia Cristo Rei, onde estou atualmente.
Espero poder servir a Igreja da Diocese de Cruz Alta e ao povo de Deus com generosidade, através do ministério ordenado como diácono e posteriormente como presbítero. A ordenação diaconal é o primeiro passo para esta entrega total ao serviço aos irmãos em especial aos mais pobres. Pois, segundo o Papa Francisco: “o diácono é o guardião do serviço na Igreja” (homilia de 10/05/2020).

Revista Voz da Diocese: Qual a perspectiva pastoral que espera viver aqui?
Luiz: Na perspectiva pastoral espero poder servir como pastor do povo confiado a mim, seja numa paróquia, pastoral ou movimento, buscando “Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus”, conforme aprendi da Espiritualidade Inaciana. Espero poder partilhar dessa herança espiritual que me tem formado e orientado, para continuar respondendo o chamado à vida cristã e agora como ordenado. Trago comigo, do tempo de formação e vida religiosa na Companhia de Jesus, gosto pelas pastorais sociais, bem como anseio de aportar nas pastorais e obras de nossa diocese.

Revista Voz da Diocese: Que menagem deixa para os vocacionados?
Luiz: Quero compartilhar com todos os vocacionados algumas palavras que me orientam e motivam muito, são do Padre Pedro Arrupe (ex Geral dos jesuítas): “Apaixone-se!Permaneça apaixonado! E isso decidirá o resto!”. Creio que o cultivo diário desta paixão de ser chamado pelo Senhor, através da oração cotidiana vai nos orientando e confirmando na missão de anunciar Jesus Cristo ao mundo. De fato, todo o resto estará decidido!

Transmissão das missas
Devido a pandemia do covid-19, as celebrações de ambas as ordenações não serão presenciais, apenas com a presença de familiares, dentro do que exigem as normas de saúde. Mas, todos são convidados a participar, de casa, acompanhando através das redes sociais da Diocese de Cruz Alta, onde serão transmitidas as missas ao vivo. No dia 20/11, a missa será às 19h30min e, no dia 22/11, será às 09h.

Por Greice Pozzatto
Assessora de Comunicação da Diocese de Cruz Alta

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