Diocese de Cruz Alta

Histórico da Catedral

 

 

Histórico da Sede da Diocese – Catedral do Divino Espírito Santo de Cruz Alta (1949)

Histórico da Paróquia do Divino Espírito Santo

Resumo:

* Curato de 1824 a 1832

* Paróquia ereta em 24 de outubro de 1832

* Até 1848 pertencia à Diocese do Rio de Janeiro

* De 1848 a 1912 pertenceu à Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul

* De 1912 a 1972 pertenceu à Diocese de Santa Maria

* A partir de 1973 passou a pertencer à Diocese de Cruz Alta

 

Localização:

Rua Duque de Caxias, 729

CEP: 98.005-202 – Cruz Alta/RS

 

Comunidades Urbanas:

Divino Espírito Santo – Igreja

Nossa Senhora Auxiliadora – Vila Progresso

Santa Terezinha – Vila Santa Terezinha

Nossa Senhora das Graças – Vila Lizabel

São João Batista – Vila Nova

Sagrado Coração de Jesus – Vila Rocha

Nossa Senhora da Saúde – Boa Vista do Cadeado

Nossa Senhora Aparecida – Bairro Educacional

 

Comunidades rurais:

Imaculada Conceição – Coqueiros

Nossa Senhora do Rosário – Faxinal

 

Lista de Párocos e Curas:

CURAS

1º – PADRE ANTONIO POMPEO PAES DE CAMPOS (1824 a 1827)

2º – FREI JOSÉ DE SANT’AVERTANO (1827 a 1831)

3º – PADRE FRANCISCO GONÇALVES PACHECO (1831 a 1832)

PÁROCOS

1º – PADRE FRANCISCO GONÇALVES PACHECO (1832 A 1834)

2º – PADRE RAFAEL GOMES DA SILVA (1834 A 1838)

3º – PADRE FRANCISCO LEITE RIBEIRO (1838 a 1843)

4º – PADRE JOAQUIM DE SÁ SOUTO MAIOR (1834 a 1844)

5º – PADRE FRANCISCO GONÇALVES PACHECO (1844 a 1850)

6º – PADRE ANTONIO RODRIGUES DA COSTA (1851 a 1855)

7º – PADRE JOSÉ DE NORONHA NAPOLES MASSA (1855 a 1864)

8º – PADRE ANTÔNIO POMPEU PAES E CAMPOS (1865 a 1871)

9º – PADRE CUSTÓDIO JOAQUIM DA COSTA (1865 a 1871)

10º – PADRE DR. JOSÉ ANTÔNIO DE ALMEIDA E SILVA (1871 a 1872)

11º – PADRE AMBRÓSIO AMÂNCIO DE SOUZA COUTINHO (1872 a 1874)

12º – CÔNEGO FRANCISCO THEODOSIO DE ALMEIDA LEME (1874 A 1876)

13º – PADRE JOÃO FRANCISCO ALVES (1876 a 1879)

14º – PADRE AQUILES PARRELA CATALANO (1879 a 1887)

15º – PADRE RAFAEL SANTORO (1887 a 1897)

16º – PADRE AQUILES PARRELA CATALANO (1897 a 1903)

17º – PADRE CARLOS KOLB (1903 a 1919)

18º – PADRE JOSÉ SPOENLEIN (1919 a 1934)

19º – PADRE ALFREDO POZZER (1934 a 1949)

20º – PADRE ÂNGELO BISOGNIN (1949 a 1952)

21º – PADRE ÂNGELO SEBASTIÃO LOVATO (1952 a 1954)

22º – PADRE JORGE ZANCHI (1954 a 1956)

23º – PADRE ALBERTO TREVISAN (1956 a 1958)

24º – PADRE ÂNGELO BISOGNIN (1958 a 1962)

25º – PADRE BELINO COSTA BEBER (1962 a 65)

26º – PADRE ROMAR VIRGÍLIO PAGLIARIN (1965 a 1967)

27º – PADRE JOSÉ GIULIANI (1967 a 74)

28º – PADRE DORVALINO RUBIN (1974 a 78)

29º – PADRE LINO CHERUBINI (1978 a 1979)

30º – PADRE ERMÉLIO ROSSATO (1980 a 1980)

31º – PADRE DOMINGOS VERCELI (1981 a 1981)

32º – PADRE GENTIL LORENZONI (1982 a 1985)

33º – PADRE JACÓ ROBERTO HILGERT (1985 a 1988)

34º – PADRE JOÃO ALBERTO BAGOLIN (1989 a 1989)

35º – PADRE FLÁVIO ANTÔNIO ROHR (1990 a 1992)

36º – DOM JACÓ ROBERTO HILGERT (1992 a 1992)

37º – PADRE FREI ELOI ROSSETTI (1993 a 1993)

38º – PADRE JOÃO SÊNIO WICKERT (1994 a 1995)

39º – PADRE FLÁVIO ANTÔNIO ROHR (1996 a 1996)

40º – PADRE JOÃO ALBERTO BAGOLIN (1997 a 1997)

41º – PADRE ROGÉRIO FERRAZ DE ANDRADE (1998 a 2001)

42º – PADRE VALMOR ANTONIO STEURER (2002 a 2007)

43º – PADRE MARCOS DENARDI (2008 a 2008)

44º – PADRE EDSON ROBERTO MENEGAZZI (2009 a 2010)

45º – PADRE LUIS BRUNO KOLLING (2011 a 2015)

46º – PADRE ALDECIR CORASSA (2016 a 2016)

47º – PADRE MARCIO LAUFER (2017)

 

 

Histórico:

A Paróquia do Divino Espírito Santo é a mais antiga da Diocese de Cruz Alta, posto que sua história se confunde com a origem de fundação de Cruz Alta, considerando ainda que, naquela época, para se oficializar um povoado, era necessário erguer uma capela. Assim que os primeiros moradores chegaram aqui (o primeiro bloco de casas foi erguido na quadra em frente à Praça Matriz, na Rua Pinheiro Machado), nos primeiros anos de 1800, segundo o historiador Josino dos Santos Lima (1931), o tropeiro João José de Barros assumiu o empreendimento de reunir os moradores para solicitar a fundação da localidade. Este era um anseio da pequena comunidade, que visava garantir seus próprios interesses.

Foi assim que, no dia 10 de junho de 1821, todos os habitantes que sabiam assinar se reuniram para subscrever o requerimento coletivo à Junta Governativa da Província, para, dentro das formalidades legais, pleitear autorização para a construção da Capela.

O documento oficial da fundação de Cruz Alta é um ofício do Comandante da Fronteira das Missões, Cel. Antônio José da Silva Paulete a Antônio Pinto da Silva, que aqui transcrevemos na íntegra:

“Ilmo Senhor Coronel Comandante

Dizem os habitantes do Distrito da Cruz Alta desta mesma Província que, para o bem, aumento do mesmo Distrito, aumento da religião, eficaz meio da felicidade de nossas almas; nos falta administração dos Sacramentos e como para o referido nos é mister uma Capela e identificação dela à custa dos mesmos habitantes. Portanto pedimos a V.Sª. em atenção ao referido que o faça subir ao Governo da Capitania com o justo informe de V.Sª”.

E.R.Mce. Antônio Pinto da Silva – Comandante o Distrito.

O Capitão João José de Barros

Cândido Xavier de Barros

No verso do documento original consta as seguintes assinaturas:

José Joaquim Baptista; Manoel José Gomes; Manuel Francisco Chaves; Antônio Moreira; Joaquim Gomes Oliveira; Francisco Anhaia da Siqueira; Salvador Ferraz; João da Costa; Mariano Soares; José Lopes, Apolinário Gomes Ventura; José Fernandes; Manoel de Albuquerque; Miguel Rodrigues; Joaquim Miguel de Toledo; João de Góes; Gabriel Carvalho; João José dos Santos Lima; José Francisco Pinto; Salvador de Oliveira Lemes; Salvador Bonete; Francisco Pinheiro da Silva; Marcos Antunes e Manoel Alvares.

O requerimento foi atendido no dia 18 de agosto de 1821, data oficial da fundação do município. Entretanto, a demarcação da nova Capela só ocorreu quatro anos após a fundação de Cruz Alta e depois da conciliação das desavenças ocorridas entre Gabriel Rodrigues de Carvalho (Bulcão) e os novos habitantes, visto que Bulcão era dono da vasta sesmaria que abrangia grande parte do território da vila.

O nome “Capela do Divino Espirito Santo” tem origem no fato do Espírito Santo ser o padroeiro da paróquia e da cidade, posto que 10 de junho é dia de Pentecostes.

Transcrita no livro de Isaltina Vidal do Pilar Rosa (1981), temos, na íntegra, a autorização para a construção da Capela datada de 20 de janeiro de 1824, que assim teve sua Provisão:

Antônio Vieira da Soledade, Cavalheiro Confesso da Ordem de Cristo, Cônego da Santa Igreja Catedral e Capela Imperial da Corte do Rio de Janeiro, Censor Ordinário, Examinador do Sinodal do Bispado, Pregador Régio, Juiz dos Casamentos, Justificações e Resíduos, Provisor, Vigário Geral desta Província do Rio Grande do Sul e da mesma Visitador Geral por sua Excelência Reverendíssima, etc.

Aos que minha Provisão virem; Saúde e Paz no Senhor. Faço saber, que atendendo-se ao que por sua petição retro me enviou a dizer o sargento-Mór Joaquim Fernandes da Fonseca e mais moradores do Distrito da Cruz Alta, Departamento de Missões, deste Bispado e Província.

Hei por bem de lhes conceder licença como pela presente minha Provisão lhes concedo, pela parte que pertence a Autoridade Ordinária do Bispado, e para que possam ERIGIR UMA CAPELA no lugar que lhe for mais cômoda e Central, a aprazimento de todos, e de acordo com o seu reverendo Pároco, ao qual dou comissão para que depois de estando os Altares na forma decente, e como o mais para a celebração do Santo Sacrifício da Missa, a possa benzer na forma do Ritual Romano.

E declaro que antes destes atos de Visita e de Benção, se não possa nela celebrar debaixo de pena de interdito local, e da suspensão pessoal; mas depois de benta qualquer sacerdote que celebrar na dita Capela, será obrigado nos domingos e dias Santos a explicar a Doutrina Cristã, pelo Catecismo aos meninos e aos adultos que necessitarem; e logo que acabar a Missa e antes de recolher para a Sacristia, fará os Atos de Fé, Esperança e Caridade em voz alta, juntamente com o povo que assistir, de cuja emissão dará contas a Deus Nosso Senhor, e aos Reverendos visitantes lhes levarão em culpa.

E para que conste da legalidade da ereção da dita Capela, será registrada no Livro da respectiva Paróquia e apresentarão bem dentro o prazo de dois anos a Sua Excelência Reverendíssima para a confirmar.

Dado o passado em Residência de Porto Alegre, sob meu sinal e selo ex-causa, aos vinte de janeiro de mil oitocentos e vinte e quatro. Eu, Pe. Manuel José Sanhudo, escrivão da Câmara Eclesiástica, o subscrevi.

Neste documento, encontramos como data da fundação de Cruz Alta o dia 04 de junho de 1821, data em que foi deferida a petição pelos moradores para a criação do povoado. Há uma nota referente ao desmembramento da Capela Curada como retirada do Município de Cachoeira do Sul. Consta também, documento na cronologia religiosa da Diocese de Santa Maria, que Isaltina Vidal do Pilar Rosa (1981) reproduz, descrevendo a fundação da Capela em Cruz Alta:

(…) Quando foi erguida a cidade no local atual, o Coronel Vidal José do Pillar mandou construir a expensas suas, uma modesta Capela.

No entanto, tal afirmação é desmentida pelo jornalista Prudêncio Rocha (1962):

“Não é verdade que Vidal José do Pilar tenha feito traçar a planta da população, muito menos ainda que tenha ‘assinado o requerimento com todos os moradores’ para a edificação da Capela, pois seu nome não estava incluso em qualquer documento, e nesse tempo morava em sua estância à margem esquerda do Jaguarí. Ele só veio para Cruz Alta em 1828”.

O documento da Diocese de Santa Maria assim prossegue:

“Há uma Provisão Episcopal, com data de 06 de julho de 1821, que autoriza a reedificação da Capela de São Roque, depois do Divino Espírito Santo, filial da extinta Freguesia de São João Baptista, Povo Missioneiro, benzida em 1824. Essa Capela por longos anos serviu de Igreja Curada e Matriz, depois de ter sido aperfeiçoada pelo seu primeiro Capelão, Padre Antônio Pompeu Paes de Campos”.

Essa Capela provida em 1824, de cuja porta partiu a medição do rócio demarcatório dos limites da povoação, funcionou Capela Curada, pelo Vigário Geral de Porto Alegre, teve seu primeiro Cura nomeado no Capelão Padre Antônio Pompeu Paes de Campos, que exerceu suas atividades em Cruz Alta de 1824 a 1827.

Como explica Rossano Viero Cavalari (2004), “aceitando estabelecer-se em Cruz Alta, o Padre Pompeu fez erigir com toda a brevidade uma Ermida, onde ele como o primeiro sacerdote que habitou neste lugar dizia suas Missas e administrava os Sacramentos (…). Foi o primeiro Cura de Cruz Alta e seus onze escravos que o acompanhavam, auxiliaram na construção da capelinha”.

Prudêncio Rocha (1962) menciona um relato do próprio Padre Pompeu Paes de Campos, transcrito pelo Padre Napoles Massa, indicando que a Capela teria sido construída à custa dos moradores; também descrevendo os primeiros passos de sua criação, cuja localização seria na Cruz Alta Velha (Atual Benjamin Nott), somente depois deslocada para onde hoje está localizada a Praça da Matriz:

“A resolução, pois, que fizera com que os ditos fundadores optassem sobre aquele ponto de preferência (Benjamin Nott), não tardou em ser retirado depois de já para ali haverem conduzido madeiras para a construção da nova Capela que dedicavam ao Divino Espírito Santo e depois de já haverem dado providências para a fundação de vários arranchamentos (…) Regressaram, com efeito, a esse ponto (Praça da Matriz) e nele lançaram os fundamentos da povoação. Nesse ínterim, vindo a esta Província de São Paulo, donde era natural, o Reverendo Antônio Pompeu Paes de Campos, em fins do ano de 1824 de passagem por este ponto, onde se demorara por alguns dias, foi instado para que requeresse a provação de cura da Capela que, então, se achava armada a expensas dos recentes moradores”.

Corroborando com o relato do Padre Pompeu, transcrevemos documento veiculado no Jornal Diário Serrano, do dia 12 de março de 1985, no qual reproduz, em sua íntegra, os referentes signatários de quantias para a ereção da primeira capela de Cruz Alta, datado de 14 de janeiro de 1840:

Ilm.Snr.

Tendo ultimado a comissão que me trouxe a este ponto, e tendo, aliás, algumas coisas a fazer acerca de objetos alheios a dita comissão, mas que cumpria regulá-los antes de meu regresso, todavia importando tão bem minha estada na Capital, cumpre que para ela me dirija amanhã. Por este motivo, não podendo aplicar minhas atenções nos meios de edificar a Matriz desta vila, que sem uma igreja, além de desacostumar o povo do saudável jugo da religião, mostra ao viajor atento o desprezo da moral cristã e dos bons costumes que ela ensina.

A V.S. encarrego de prosseguir pelos distritos deste município na subscrição hoje por mim e por V.S. insertada nesta vila, criando desde já entre os moradores dela um Procurador para agitar a recepção do produto da dita subscrição e um Tesoureiro para tê-lo em dívida guarda e distribuí-lo com as formalidades e exação exigidas, a fim de se mostrar ao povo que não foi desviado de sua aplicação.

Logo que existam fundos suficientes para dar-se princípio à obra, V.S. tratará de comprar os materiais precisos, e lhe dará começo com aquela eficácia que lhe é própria, podendo, para isso, aplicar a quantia de duzentos mil réis dos rendimentos da Coletoria desta mesma vila.

Ao Tesoureiro nomeado mandará V.S. entregar os Livros da Receita e Despesa do Padroeiro, que com este incluso lhe remeto, e que por minha ordem farão recebidos da pessoa a quem os deixara Bernardino José Lopes.

As contas desses livros devem ser pelo tesoureiro examinadas, e arrecadadas as quantias que porventura se deva ao Padroeiro, para serem com aquela de que fiz menção, aplicadas para a edificação da Matriz.

Finalmente certo de que V.S. se penetrará da importância deste serviço, nada mais lhe recomendo.

Deus guarde V.S. – Secretaria do Interior e Fazenda na Cruz Alta.

15 de janeiro de 1840.

Domingos José de Almeida

 

Ilm.Snr. Antonio Vicente da Fontoura

Chefe geral da Polícia deste município e dos da Cachoeira e Rio Pardo Coletor Geral

 

Para a edificação da Igreja Matriz desta vila os abaixo assinados subscrevem com as quantias a cada um designado.

Vila da Cruz Alta, 14 de janeiro de 1840.

 Exm. General Bento Manuel Ribeiro – 50 patacões de prata – 48.000 Réis

Domingos José de Almeida – 30 ditos – 28.800 Réis

Agostinho Antônio de Mello – prata – 12.800 Réis

Manuel José Nogueira – 100 patacões – 96.000 Réis

Antônio Vicente da Fontoura – 12.800 Réis

Francisco Antônio Carpes – 12.800 Réis

João Fernandes de Olmo – 12.800 Réis

Venâncio Gomes Suriano – 12.800 Réis

Miguel Jordão – 12.800 Réis

Antônio Rodrigues Pereira – 6.400 Réis

Manuel de Freitas Noronhas – 6.400 Réis

Rodrigo Feles Martins – prata – 17.000 Réis

Francisco Rodrigues Sanxes – 25.600 Réis

Miguel de Carvalho – 12.800 Réis

Silvestre José de Pontes – 8.000 Réis

Cândido de Barros – 4 novilhos 8.000 Réis

Marcelino de Carvalho Azevedo – 6.400 Réis

Camillo Justiniano Ruas – 6.400 Réis

Sisnando Antônio Carpes – 8.000 Réis

João José Veau – 8.000 Réis

Ricardo Antônio de Mello e Albuquerque – 12.800 Réis

____________________________________________

Fazenda Pública 200.000 Réis

                           561.000 Réis

 

Mais adiante, voltando ao documento transcrito por Prudêncio Rocha (1962) a respeito do relato do próprio Padre Pompeu Paes de Campos, transcrito pelo Padre Napoles Massa, temos uma breve descrição que nos dá um vislumbre de como era a Capela em seus primórdios:

“A Matriz que apenas se achava em princípios tinha já a sua coberta de palha e ainda não se achava fechada por paredes para cujos trabalhos, o mesmo Reverendo cedera os escravos que trazia consigo”.

Rossano Viero Cavalari (2004) produziu ilustração da Vila da Cruz Alta em seus primórdios, em torno de 1845. A vista é da Praça da Matriz, com o sobrado do Cel. Vidal do Pilar no canto extremo esquerdo, fronte a Rua das Carretas, atual Rua Pinheiro Machado. A Capela da Matriz pode ser vista ao centro da imagem, situada onde hoje é o centro da Praça da Matriz (Praça Erico Verissimo):


Em detalhe, vista panorâmica da Capela da Matriz do Divino Espírito Santo em torno de 1835

Em 14 de janeiro de 1840, a Câmara Municipal, já no seu regime Farrapo, destina 561$000 (quinhentos e sessenta e um mil réis) para as obras da construção da Igreja Matriz de Cruz Alta. Rossano Viero Cavalari (2015) cita que após a revolução, em 16 de julho de 1845, Ricardo de Melo e Albuquerque e o padre Francisco Gonçalves Pacheco enviam um relatório ao então presidente da Província Duque de Caxias, com informações sobre as urgências da Vila da Cruz Alta, e nele aponta, entre outras coisas, o estado lastimável da mesquinha construção” do prédio da Igreja da Matriz e do estado de deterioração do único edifício religioso que existia na vila:

“…bastará a exposição do estado atual, para que o Exmo.Sr.Presidente da Província conheça a ponderosa urgência da ereção do Templo. Conhecendo, porém, a Comissão, o Ônus que vai pesar sobre o tesouro Municipal, tal dispêndio, por via de orçamento, é de parecer que esta Câmara leve ao conhecimento do Exmo.Sr.Presidente da Província, que uma cota anual bastará para coadjuvar aos habitantes para construção do supradito Templo.

O parecer foi aprovado, mas as contribuições que vinham eram mesquinhas, mal davam para suprir as necessidades básicas da vila.

Em 1845, o português Francisco Antônio Alves foi incumbido de trazer quatro sinos missioneiros das ruínas de São Miguel para serem instalado na Capela, como explica Rossano Viero Cavalari (2012):

“Os sinos que espalhavam um badalar límpido e inspirador haviam sido trazidos em 1845 das ruínas de São Miguel das Missões, pelo português Francisco Antônio Alves, que teve evidentemente, muitos problemas com o transporte, principalmente porque não era qualquer eixo de carreta que suportava o peso superior a 100 arrobas (1.500 kg aproximadamente) só do sino maior. Os outros três que vieram junto eram bem menores e todos foram fundidos na antiga redução jesuítica. O sino maior trazia a inscrição Sancte Michael Ora Pro Nobis. Ano Domini 1726.50”.

Por certo, a Capela foi sendo constantemente reformada e aperfeiçoada através dos anos, a ponto de atingir uma proporção considerável. Mesmo assim, dez anos antes de ser demolida, seu acabamento ainda era bem simples, apesar do considerável aumento de suas proporções; a pintura era branca caiada (pintada com cal) e foi erguido um modesto campanário no lado esquerdo, onde estava instalado o sino maior trazido de São Miguel, pelo que podemos comprovar por meio da única ilustração oficial do local, registrada pelo pintor Roberto Mondret em 1863:

Fundos da Capela da Matriz do Divino Espírito Santo e seu campanário, dez anos antes de ser demolida.

Essa Capela serviu por anos de Igreja Curada e Matriz, depois de ter sido aperfeiçoada pelo Pe. Antonio Pompeu Paes de Campos, que trabalhou com seus escravos na conclusão da mesma.

Isaltina Vidal do Pilar Rosa (1981) menciona que o Padre Pompeu, como era conhecido, conviveu intimamente com os moradores da vila. Vindo de São Paulo, passou por esta terra e se mostrou interessado em ficar. Assim os moradores da Cruz Alta lhe pediram para aceitar a nomeação como Cura da Provisão requerida.

Uma Concessão de terra (parte da Cruz Alta) lhe foi oferecida então, por despacho do Comandante da Fronteira de São Borja, coronel José Palmeiro, para usufruto seu e dos demais curas que lhe fossem sucessores; e o Padre Pompeu aceitou a oferta requerendo imediatamente a direção espiritual da população da localidade.

A Capela é demolida para dar lugar à Igreja Matriz da Paróquia do Divino Espírito Santo da Cruz Alta

A Igreja da Matriz foi construída em 1873 para substituir a Capela ao centro da praça. No entanto, não exatamente no mesmo local. A construção foi assentada uns trinta metros para trás, sobre o antigo cemitério, e sua entrada principal fazendo frente agora para uma nova rua, chamada na época de “Rua da Igreja”, atual Rua Venâncio Aires.

Oito anos antes de iniciarem a construção da igreja matriz, o cemitério municipal foi relocado para um local ermo (na época) localizado em diagonal com a extinta Lagoa Bento Gonçalves (atual Rua Bento Gonçalves). Segundo Isaltina Vidal do Pilar Rosa (1981), o Coronel Vidal José do Pilar, figura que fez o primeiro traçado e vulto de grande importância para o desenvolvimento do povoado, teve, como homenagem póstuma, seu túmulo mantido embaixo do adro da igreja.

Rossano Viero Cavalari (2012) elucida que “a construção de um templo novo, na praça da cidade, em frente à antiga Capela do Divino Espírito Santo, exigiu muitos recursos e necessidades de alfaias para o templo e celebrações, como sagrados, cruzes, ostensórios, sinos, cálices, etc.”. A Pia Batismal, toda de mármore, que está até hoje conservada na atual Catedral, foi doada por Manoel Lucas Annes, no final do Século XIX.

Diferente dos padrões módicos da construção anterior, a Igreja da Matriz era muito maior que a antiga Capela, muito mais sólida, opulenta e trabalhada em detalhes arquitetônicos, com duas torres imponentes flanqueando um frontão ondulado em arcos na porta principal. Acima, erguia-se uma enorme platibanda em formato triangular, cujo centro ornava-se por um círculo com a representação esculpida de uma pomba branca, representando o “Divino Espírito Santo”, padroeiro da cidade e da paróquia. Acima da porta principal havia a inscrição latina “Espiritum Sancto Dedicatum”.

Os sinos de São Miguel, trazidos em 1845, e que antes ficara exposto ao tempo no antigo campanário, agora estava resguardado em uma das duas graciosas torres.

Segundo Ivan Soares Schettert (1993) a Igreja da Matriz recebeu doação das Leis Provinciais nº 59 e 504 para sua edificação. A primeira verba de 1:500$00 e da segunda, 15 contos de Réis.

Rossano Vieiro Cavalari (2011) salienta que a pedra fundamental foi lançada em 08 de dezembro de 1871, mas sua construção somente foi completada em 1917.

Apenas 17 anos após sua conclusão, em 25 de março de 1934, o vigário havia declarado no livro tombo que a igreja matriz se encontrava em precário estado de conservação e era muito “acanhada”, comportando apenas 400 pessoas. Além disso, a construção apresentava um gravíssimo problema estrutural na torre esquerda, por isso acabou sendo demolida para dar lugar a atual Catedral do Divino Espírito Santo.

A construção da atual Catedral teve início em 1944 e foi terminada em 1949. (Vide Histórico da Catedral do Divino Espírito Santo). No entanto, somente em 1947 a igreja antiga foi derrubada. Não era desejo do Padre Alfredo Pozzer que a comunidade visse suas torres e paredes desabar tijolo por tijolo, principalmente após tantos anos de campanhas para arrecadar fundos para sua tardia finalização. Para tanto, ele ordenou que primeiro erguessem as paredes da nova Catedral (muito maior que sua antecessora) para que somente depois que a antiga estivesse oculta, completamente engolida pela nova, fosse demolida sorrateiramente sem que os fiéis testemunhassem seu fim.

A Paróquia do Divino Espírito Santo foi Curato de 1824 a 1832. Depois Paróquia Ereta em 24 de outubro de 1832, e até 1911 pertenceu a Diocese de Porto Alegre. No período de 1912 a 1972 pertenceu à Diocese de Santa Maria e, a partir do dia 28 de janeiro de 1973, passou a pertencer a Diocese de Cruz Alta. (Vide Histórico da Diocese de Cruz Alta).

 

Fontes:

ALBERTONI,  Claudino  Antonio.  A Diocese  de  Cruz  Alta  em  fatos.  Espumoso: Gráfica Líder. 2005.

CASTRO JR, Eurides de. Anuário de Cruz Alta Em Comemoração ao 128º Aniversário de Fundação da Cidade. 1949.

CAVALARI, Rossano Viero. A Gênese da Cruz Alta. Cruz Alta: Unicruz. 2004.

CAVALARI, Rossano Viero. Harmonia Cruzaltense. Tradição e História na Maçonaria Gaúcha. Porto Alegre: Martins Livreiro. 2015.

CAVALARI, Rossano Viero. O Ninho dos Pica-Paus, Cruz Alta na Revolução de 1893. Porto Alegre: Martins Livreiro. 2º edição 2012.

CAVALARI, Rossano Viero. Dicionário de Cruz Alta. Porto Alegre: Martins Livreiro. 2011.

FILHO, Serafim de Lima. Igrejas, Religiosidade e Procissões no RS. Porto Alegre: Evangraf, 2002.

LIMA, ALCIDES. História Popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1983.

LIMA, Josino dos Santos. A Cidade de Cruz Alta (Lenda Histórica de sua Fundação). Porto Alegre: Editora Globo, 1931.

MAZERON, Gaston Hasslocher. Notas para a História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora Globo, 1928.

ROCHA, Prudêncio. A História de Cruz Alta. Cruz Alta: Tipografia A Liderança, 1964.

RECHEGG, Antônio Sepp Von. Viagem as Missões Jesuíticas e Trabalhos Apostólicos. Editora Itatiaia. 1980.

ROSA, Isaltina Vidal do Pilar. CRUZ ALTA: História que fazem a história da cidade do Divino Espírito Santo da Cruz Alta. Rio de Janeiro: Tipo Editor, 1981.

SCHETTERT, Ivan Soares. Cruz Alta em Poemas. Como surgiu e evoluiu. Porto Alegre: Editora Pallotti, 1993.

 

Expansão demográfica

Em 1949 o município de Cruz Alta estava expandindo-se demográfica e economicamente de modo espantoso. A população da área rural e urbana contabilizava 69.260 habitantes, segundo Eurides de Castro, no anuário de 1949; ou seja, 5.645 moradores a mais do que a cidade possui atualmente. Consequentemente, a antiga igreja não conseguia comportar um público cada vez mais volumoso. Há muito se discutia a reforma onerosa para reconstruir a torre esquerda da antiga igreja e, por fim, chegara-se a conclusão de que seria mais vantajoso construir um templo novo e maior.

Da antiga igreja acabaria restando poucos vestígios. O mais visível é o círculo com a representação esculpida de uma pomba branca, representando o padroeiro “Divino Espírito Santo”, que foi mantido acima da porta principal. Além disso, restara o belo altar mor no estilo barroco e alguns utensílios como a Pia Batismal e o ostensório missioneiro.

A Pomba branca representando o Divino Espírito Santo foi mantida.

 

A construção da nova igreja tivera início em 17 de julho de 1944 e teve o padre Alfredo Pozzer como o responsável por dar início ao movimento. É sabido que, embora tenhamos o ano de 1949 como o inaugural, o templo ainda não estava completo. Ainda faltava erguer a torre, comprar os sinos, rebocar e pintar toda a fachada.

Na abertura do livro tombo de 1949 comenta-se a movimentação das obras da nova matriz: “Nada mais natural em casos destes de que haverá muitas coisas incompletas e dependentes de soluções, às vezes demoradas e preocupantes”.

As festas jubilares de 1949 e as tarefas de fim de ano também atenuaram o atraso. As obras da nova matriz já se arrastavam por cinco anos e vinham sendo gerenciadas paralelamente com a administração de toda a Paróquia e a comunidade. Comenta-se também das críticas e reprovações do povo em relação aos atrasos na construção, mas confortara-se a comissão ao entregar uma igreja matriz vastíssima e revestida interna e externamente, munida de microfones e auto-falantes que custaram mais de vinte mil cruzeiros, em perfeito funcionamento; e com uma capacidade de comportar mais de duas mil e quinhentas pessoas.

Foram gastos na construção do templo, no período de 1944 até 20 de fevereiro de 1949, UM MILHÃO E SEISCENTOS CRUZEIROS, dos quais 146 mil constituiu um empréstimo devedor a juros módicos de 6% a 5%, autorizado pela Autoridade Diocesana. Ficara concluída uma grande quantidade de material (Mosaicos) para o ladrilhamento interno, que já estava pago. 

Comentava-se, à época, que a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo era um empreendimento muito arrojado, corajoso e de relevante vulto, dada as proporções do edifício. No entanto, seu projeto colossal causou discórdias entre a população e a Paróquia.

Em um artigo do Anuário de Cruz Alta de 1949, página 42, é mencionado que Cruz Alta, em breve, contaria com uma das maiores igrejas do Estado, que já estava quase concluída. Em ata de 1949 do livro tombo da Paróquia, a comissão se despede de seu mandato agradecendo a cooperação tão interessada da comunidade na construção da igreja matriz, que muitas vezes ouviram que seria um empreendimento impossível para o povo de Cruz Alta:

 

 “Ela aí está para atestar aos pósteros quanto pode uma vontade fixa aliada ao desejo ardente de …. (ilegível). Foi isto que o bom povo e, em nada rico, de Cruz Alta fez, atendera aos apelos dum vigário ‘acolonado’, ‘sem cultura’, ‘impolido’ na boca de uns poucos ‘inteligentes e cultos’ que nada fizeram e nada deixaram para atestar sua inteligente cultura”.

 

O padre Alfredo Pozzer foi transferido para outro campo de apostolado antes que pudesse ver terminada a construção da igreja pela qual tanto trabalhou. No dia 20 de janeiro de 1949 tomou posse na freguesia do Divino Espírito Santo da Cruz Alta o Pe. Ângelo Bisognin, ficando responsável por dar seguimento ao projeto.

Em 1º de janeiro de 1950 o Padre Ângelo iniciou uma campanha para a compra de sinos brancos. Por sorte ou Providência Divina, na Novena do Divino Espírito Santo daquele mesmo ano foi arrecadado CR$ 80.109,00, um valor exorbitante e inédito na Paróquia. Com esse montante foi levantada a torre e rebocada a fachada da igreja matriz. Pouco antes disso, o Padre Bisognin já havia mandado instalar vinte vitrais, todos doados por pessoas benfeitoras, cujos nomes estão inseridos nos mesmos.

Em 17 de junho de 1951 foi realizada a benção inaugural dos novos sinos. Foram adquiridos três sinos brancos da firma Irmãos Bellini de Garibaldi custando CR$ 86.455,00. Na ocasião, foram bentos solenemente com os respectivos padrinhos. Comentou o padre Bisognin em ata registrada no livro tombo:

 

“Fizemos a campanha do quilo de sino. Esta vai lenta, mas firme. Entra aos poucos. A dívida pesa sobre os ombros”.

 

Foram ainda investidos no ano de 1951 a importância de CR$ 315.529,00 com a construção e manutenção da igreja da matriz.

Em fevereiro do ano seguinte assume o Pe. Ângelo Sebastião Lovato, que não realizou construção ou reformas na igreja durante sua breve estadia na paróquia. Compreensível, pois, que deveriam estar destinando forças e recursos para a construção do Monumento de Nossa Senhora de Fátima, inaugurado em 12 de outubro de 1952. Foi calculado em torno de 40 mil o número dos presentes. Até então, a paróquia de Cruz Alta nunca havia visto festa tamanha.

Em 1954 assume o Padre Jorge Zanchi, que também não deixou registrado nenhuma construção ou reforma na igreja matriz. Apenas instalou um moderno conjunto de auto-falantes a fim de resolver um antigo problema de acústica. A solução mostrou-se paliativa. O problema de acústica foi revisto em 1968, com o contrato de uma firma especializada, ao custo de CR$ 6.000,00.

Em 1958 reassumiu o Padre Ângelo Bisognin, seguido do padre Belino Costa Beber em 1962, e aqui temos um breve registro que, possivelmente, indique que a igreja matriz já estava, de fato, arrematada:

 

“Em 1964 o padre Belino Costa Beber deu início a nova pintura da Igreja da Matriz. O pintor Ângelo Lazarini começou o trabalho em fins de janeiro de 1964 e interrompeu em fins de outubro, ao morrer com um colapso cardíaco. Um novo pintor concluiu nos primeiros meses de 1965”.

 

O curioso é que, em 1967, o padre sucessor José Giuliani menciona o estado precário de conservação da igreja. Um indicador de que, desde o início, a construção vinha sofrendo com problemas de infiltração. Para tanto, foi feito um contrato de mão de obra com a firma Kraidi de Ijuí para a pintura externa. “A igreja ficou renovada num azul cinza de bela aparência”, comentou o padre na ata, ressaltando que o custo da tinta e da mão de obra totalizou CR$ 4.500,00. Ademais, foi também remodelada a calçada entre a igreja e o salão paroquial e completada a pintura interna do templo.

Desde então só se teve registrado informações como estas, de aquisições, pinturas, reparos gerais, uma reforma no telhado, troca da porta principal e pequenas melhorias como instalação de luzes e compra de aparelhos. Nenhum registro concreto que pudesse nos dar a convicção para precisar a data de conclusão da Igreja da Matriz. Exceto, talvez, se considerarmos oficialmente um registro do ano de 1970, quando Dom Antônio do Carmo, Bispo Auxiliar de Santa Maria, visitou a Igreja da Matriz, achando-a um templo moderno e finalizado, afirmando: “A Catedral da futura Diocese está feita!”. Pois o assunto da criação da Diocese de Cruz Alta já começava a ser discutido nas reuniões do Clero.

Com efeito, a Diocese foi criada pela Bula Papal “CUM CHRISTUS” em 27 de maio de 1971 e instalada em 28 de janeiro de 1973. Portanto, o ano de 1973 começou com grandes perspectivas com a ordenação e posse do Bispo de Cruz Alta Dom Ney Paulo Moretto, no dia 28 de janeiro. A cidade de Cruz Alta se tornara a sede da Diocese e a Matriz do Divino passou a ser a Catedral Diocesana.

Por fim, uma nova pintura foi realizada em 1981 e uma considerável reforma foi feita no início da década de 90.

Em 2002, segundo matéria do Jornal Diário Serrano de 25 de agosto de 2005, a Catedral passava por um processo de restauração em toda sua estrutura física. O padre responsável, Valmor Steurer, explicou que o processo de reestruturação da Catedral estava ocorrendo desde o temporal que varreu a cidade em 2002, que acabou destruindo o teto e o forro do prédio, de modo que ficou impossível realizar qualquer tipo de celebração no local. “Tivemos que começar a reconstrução imediatamente e quando notamos era necessário, além do telhado e do forro, reconstruir também o piso, a rede elétrica, os vidros, o som, luminárias e outras exigências de segurança como extintores de incêndio e alarmes de incêndio”.

Com os trabalhos de restauração, foram aparecendo outros problemas na parte externa do prédio. Foram restaurados também os bancos internos da igreja, dando beleza e conforto para os fiéis, que há muito tempo já estavam reclamando da falta de conforto e feita a pintura externa. Para a pintura, foram usadas cores mais leves e alegres com tons que destacarão os detalhes como pêssego, flamingo (um tom de vermelho) e a terceira cor poderá ser mais escura. “As cores antes eram muito pesadas e não expressavam um ambiente leve. Por elas terem vida e mexerem com nossos sentimentos, devemos usar cores mais leves que nos trazem conforto, harmonia e aumentam nossa autoestima”.

Foram gastos cerca de 70 mil reais com a reconstrução da parte interna como a iluminação que dobrou. Conforme o Padre Valmor, as verbas foram arrecadadas em festas e doações dos fiéis, e mais de 30 mil reais foram utilizados para a pintura e remodelação dos bancos. “

Entretanto, por certo, a reforma mais digna de nota deu-se recentemente, com o processo de revitalização interna e externa da Catedral. O projeto foi elaborado pelo arquiteto e artista sacro Cristtiano Fabris, e a execução da obra ficou a cargo da empresa Zanon Construções, de Guaporé-RS.

A Catedral estava mais uma vez deteriorada. Havia problemas de infiltração, esfarelamento das paredes e muitas goteiras. A decisão tomada em 16 de fevereiro de 2018, autorizada pelo Bispo Diocesano Adelar Baruffi, sob a coordenação do Padre Márcio Laufer, e os demais integrantes da Comissão, visava arrecadar algo em torno de três milhões de reais através de uma campanha. Todos os recursos para a obra vieram das doações dos fiéis e empresas, através de boletos de pagamentos mensais, doações espontâneas e arrecadações em eventos.

A revitalização interna foi drástica. O templo foi praticamente refeito, do teto, ao reboco e o piso. Iluminação, sistema de som, piso de granito, pintura, cripta para sepultamento dos bispos, um grande vitral no forro sobre o altar e a restauração de todos os vitrais e pintura das imagens sacras nas paredes, num total de R$ 2.313.000,00.

No dia 13 de dezembro de 2020 a Catedral foi reinaugurada em celebração presidida por Dom Adelar Baruffi. No entanto, em função da pandemia, teve a participação restrita para apenas 150 pessoas.

. A revitalização externa, orçada em R$ 800.000,00, teve início em 28 de setembro e ainda segue em andamento. Foi removido o reboco devido a infiltração de água e será feita nova pintura. Pedras basálticas serão colocadas na calçada e na extensão entre o salão e a igreja, incluindo três salas de catequese com o piso remodelado.

A revitalização ainda não está completa. A campanha colaborativa em prol da revitalização seguirá até novembro deste ano de 2021, posto que a obra está sendo paga de forma parcelada até novembro de 2021, com um valor mensal de R$ 47.000,00.

 

Fontes:

Livro Tombo da Paróquia do Divino Espírito Santo, 1930 a 1977

ALBERTONI, Claudino Antonio. A Diocese de Cruz Alta em fatos. Espumoso:
Gráfica Líder. 2005.
CASTRO JR, Eurides de. Anuário de Cruz Alta Em Comemoração ao 128º
Aniversário de Fundação da Cidade. 1949.
CAVALARI, Rossano Viero. A Gênese da Cruz Alta. Cruz Alta: Unicruz. 2004.
ROCHA, Prudêncio. A História de Cruz Alta. Cruz Alta: Tipografia A Liderança, 1964.
ROSA, Isaltina Vidal do Pilar. CRUZ ALTA: História que fazem a história da cidade
do Divino Espírito Santo da Cruz Alta. Rio de Janeiro: Tipo Editor, 1981.
SCHETTERT, Ivan Soares. Cruz Alta em Poemas. Como surgiu e evoluiu. Porto
Alegre: Editora Pallotti, 1993.

Jornal Diário Serrano, 25 de agosto de 2005

 

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