Apaixonado pelo próprio Amor encarnado
Dentre todas as relações de amor que temos em nossa vida, seja de amor por nossos pais, filhos, amigos, cônjuges, a relação mais importante e, possivelmente, a que damos menos importância é nossa relação com Deus, que muitas vezes é fria, rápida e pouco intensa. Se Deus é realmente todo amor, por que não somos enamorados e apaixonados por Ele? Pretendo comparar nossa relação com Deus com a de alguém apaixonado.
Primeiramente, se amássemos realmente a Deus como talvez dizemos amar, estaríamos com Ele sempre no pensamento, nunca nos esqueceríamos dele. É como alguém que, estando apaixonado, nunca tira a pessoa amada da cabeça, seja varrendo a casa, lavando a louça, trabalhando, está constantemente amando-a no pensamento. Ora, isto, na nossa relação com o divino, é a oração constante. “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5, 17) nos pede São Paulo. Essa oração constante não é formal, recitada ou decorada, mas sim um estado de espírito de uma alma sedenta de Deus que não esquece daquele que ama, mas o glorifica nas diversas atividades do dia a dia com seu coração enamorado.
É isso que queria dizer Santa Terezinha do Menino Jesus quando declarou: “Para mim oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu”. Às vezes não é necessário nada dizer, apenas lembrar-se de Deus, de sua bondade e paixão. Mas deve-se também, em alguns momentos do nosso dia “telefonarmos para a pessoa amada”, ou seja, precisamos de momentos de oração forte, onde despendemos um tempo só para isso, só para agradecer, dizer que o amamos, declará-lo Senhor e sentido de nossa vida, e, da mesma forma como aquele que está apaixonado olha constante e amorosamente para a fotografia da pessoa amada, devemos olhar para a cruz, sinal do supremo amor desse imenso Deus pela insignificante humanidade.
Dando sequência, aquele que está apaixonado e verdadeiramente ama, deseja encontrar-se o quanto antes com a pessoa amada, por isso, quem não deseja encontrar-se íntima e presencialmente com Cristo Eucarístico é porque não o ama verdadeiramente, visto que quem ama, de forma alguma recusaria encontrar-se com a pessoa amada. Da mesma forma, o amor por alguém faz-nos desejar nunca ofender ou desapontar quem amamos. No entanto sabemos que, se amamos a Deus, ainda o amamos muito pouco, por isso devemos pedir em oração que o Senhor nos conceda, cada vez mais, a disposição de o amar fervorosa e apaixonadamente.
Sem esse relacionamento apaixonado com o Senhor, pouco de nossa vida tem verdadeiro gosto. É em Deus, o próprio amor, que a vida tem sentido. Feliz seremos se um dia declararmos definitivamente Deus como o sentido de nossa vida e proclamarmos com sinceridade: “o amor me explicou tudo” (São João Paulo II).
Por: Vitor Kirchner Fiorin
Seminarista – 2º ano de filosofia