Aprender a viver o Natal (Parte I)
Aprender a viver com o Natal (Parte I)
Cada fato significativo e sua celebração deixa um ensinamento importante para nossa vida. Aprendemos com ela. O que vamos aprendendo com o Natal para sermos melhores e termos uma fé adulta e firme?
Natal é o tempo especial para recordarmos que nasceu para nós o Salvador. Ele é o Deus conosco, isto é, Deus veio nos visitar e nos trouxe e traz a salvação. Mesmo que uma cidade se prepare, se enfeite de luzes, se faltar este ponto central, poderá ser um belo momento festivo, o que não está errado, mas não festejará o Natal. Ele veio muito simples. Qual a senha que os pastores receberam de Deus? “Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Este é o Salvador que vem até nós. Manso e humilde. Não se impõe. Assim, para reconhecê-lo e acolhê-lo em nossa vida é preciso fazer-se pequeno, esvaziar-se de nosso egoísmo. “Para ser d’Ele é preciso ser pequeno, pequeno como uma gota de orvalho” (CT 141), disse Santa Teresinha do Menino Jesus. O movimento de Deus em direção ao ser humano é abaixar-se, esvaziar-se (cf. Fl 2, 1-8) e, “descendo assim, Deus mostra a sua grandeza infinita” (Manuscrito A, 3r). De fato, veio para todos, ao alcance de todas as pessoas. Antes de qualquer busca humana de Deus, ele veio ao nosso encontro. Para nós, basta a acolhida pela fé e pelas obras.
Outra marca do Natal é a alegria que decorre desta certeza: cremos em Deus que veio “para nós homens e para nossa salvação”, como rezamos no creio. Nos personagens bíblicos e nos seus pronunciamentos fala-se de alegria: “Alegra-te cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28). O anjo aos pastores diz: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,10-11). Com razão disse São Leão Magno: “Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade”. São belos os sinais natalinos, embora somente sinais daquele que é fonte da alegria: as luzes, os presentes, a ceia ou almoço natalino, o encontro familiar. Tudo tem a marca da alegria. Cuidemos de todos os que não sentem esta mesma alegria, por muitos motivos. Estejamos próximos deles, com acolhida, sem julgamentos. Somos alegres e felizes porque “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31).
No Natal vem até nós o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5). Paulo compreendeu bem que nele está a fonte de reconciliação e paz para todos os que o acolhem: “Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava” (Ef 2,15). Ele é a nossa paz. Nele somos portadores e promotores da paz, construída no cotidiano. Aprendamos para a vida a cessar as ofensas pela redes sociais. Amar mais e ofender menos. Não está dito que devemos concordar com quem pensa diferente, mas sempre devemos ter respeito, com todos. Abster-se de comentar e compartilhar tudo o que é ofensivo. Ainda precisamos aprender a conviver com a pluralidade, com quem pensa diferente e têm outros caminhos humanos e éticos. Que atitudes de paz me proponho a realizar neste tempo natalino? “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens por ele amados” (Lc 2,14).
Enquanto caminhamos para o Natal, como o profeta Jeremias, coloquemos marcos, finquemos postes que nos guiem, prestemos atenção na vereda (cf. Jr 31,21). Na próxima semana, continuarei a escrever sobre como podemos aprender a viver com o Natal.
Dom Adelar Baruffi