Confia no Senhor – 11 a 17/11
“A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9,15). Os cristãos são portadores desta esperança muitas vezes perdida, “que a fé consegue gravar no coração dos mais pobres”. Esta é a centralidade da mensagem do Santo Padre para o III Dia Mundial dos Pobres, que é celebrado no dia 17 de novembro. Quando, em 2016, Francisco instituiu o Ano da Misericórdia, recordando-nos das obras de misericórdia espirituais e corporais, veio, na verdade, sublinhar o ponto central de nossa fé: Deus é misericórdia. Sua misericórdia é universal e integral. A missão da Igreja não é somente salvar a alma, mas oferecer a todos o dom, como puro presente de Deus na missão do Filho (cf. Lc 4,14-20), da salvação integral, a partir dos mais pobres. Como ele viveu e nos ensina no evangelho, os mais sofridos, os pobres, tem um olhar de predileção de Deus. “A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização. A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. (Mensagem do Santo Padre para o III Dia Mundial dos Pobres, n. 5).
A Mensagem de Francisco é clara: “Não é possível jamais iludir o premente apelo que a Sagrada Escritura confia aos pobres. Para onde quer que se volte o olhar, a Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário para viver, dependem dos outros. São o oprimido, o humilde, aquele que está prostrado por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus não teve medo de Se identificar com cada um deles: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40)” (n. 5). A Sagrada Escritura fala de um Pai generoso, que protege, defende, salva os sofredores. Um pobre não poderá jamais encontrar um Deus silencioso e indiferente diante de sua condição existencial e de sua oração de súplica. De fato, o salmista afirma que o pobre “confia no Senhor” (Sl 9,11), pois tem uma relação de proximidade com Ele, sabe que nunca será abandonado.
Mas recordemos que o modo como os cristãos se fazem próximos dos pobres não tem a ver com ideologias, de esquerda ou de direita. Infelizmente há também os que querem se aproveitar desta intenção evangélica para outros interesses, embora a antropologia não esteja de acordo com o evangelho de Cristo, repito, nem as de esquerda e nem as de direita. Isto não impede que se tenha missões em comum, visto que o mais importante é que sejam atendidos e promovidos. A pessoa é sempre prioridade. A aproximação pode ser por causa de uma situação material ou de um serviço de promoção social, mas o que, de fato precisam, “ultrapassa a sopa quente ou o sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor…” (n. 8). Antes de tudo, necessitam, como todo ser humano, de Deus, que se manifesta no amor do serviço gratuito, sem nenhum outro interesse! O cuidado espiritual é a primeira caridade que devemos fazer, pois nela estará a força para que confiem no Senhor (cf. Sl 9,11).
Com alegria e sem medo de preconceitos e polarizações políticas, continuemos o anúncio do evangelho de Cristo. Com o coração feliz, convido nossos diocesanos a se aproximarem ainda mais das realidades de pobreza. E são tantas: desemprego e fome, pobreza de fé, jovens sem sentido para viver, encarcerados, violência familiar e social, idosos abandonados, saúde precária, agressões ao meio ambiente…
Dom Adelar Baruffi
Bispo Diocesano de Cruz Alta