Diocese de Cruz Alta

Mensagem › 02/08/2023

“Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc. 24.32-33)

O 3º Ano Vocacional, foi inaugurado no dia 20 de novembro de 2022 e vai até o dia 26 de novembro de 2023. “Convida-nos a refletir e aprofundar o tema: Vocação: Graça e Missão”. O lema, “Corações ardentes, pés a caminho (cf. Lc 24,32-33), faz recordar os discípulos de Emaús” (Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 1).
Os Evangelhos deixam claro que é o Senhor que chama ao seguimento e envia para a missão. “O centro e a meta de toda vocação e missão é a pessoa de Jesus Cristo. Aquele que chama também envia. A iniciativa é do próprio Deus, mistério, graça, experiência de encontro, fascínio, alegria, assombro, sensibilidade, inconformidade, resposta pessoal, envolvimento comunitário, missão, serviço, entrega de vida, coragem e determinação, esperança e firme convicção, testemunho de fé” (Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 2).
Na origem de toda vocação, está o encontro com o Senhor, pois não basta ouvir falar dele, “é preciso encontrá-lo e vislumbrá-lo nos caminhos da história” (Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 22). Essa convocação é realizada pelo próprio Mestre, para caminhar juntos, no seguimento, o que exige da pessoa, empenho, abertura e disponibilidade de ser configurado e conformado a Ele, para que seus discípulos sejam portadores de vida e esperança, de modo especial, em tempos sombrios como estes que estamos atravessando.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), o Papa Francisco inicia, afirmando: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG nº 1). A convocação feita pelos bispos, para a vivência desse Ano Vocacional, é despertar no Povo de Deus, nos batizados, a consciência de assumirmos, verdadeiramente, esse caminho de discipulado e missionariedade. O próprio Concílio Vaticano II, na LG, nº 32, aponta: “Um só é, portanto, o povo eleito de Deus: ‘um só Senhor, uma só fé, um só batismo’ (Ef 4,5); comum à dignidade dos membros por sua regeneração em Cristo, comum à graça de filhos, comum à vocação à perfeição (…)”.
A Igreja, como Mãe, fundamentada no Evangelho, reitera o chamado aos “cristãos leigos e leigas, ministros ordenados, consagrados e consagradas a assumir sua vocação de povo de Deus que se coloca a caminho rumo à salvação. A vocação, no Concílio, é entendida como um chamado a todos e está diretamente ligada à consciência missionária, sendo ela uma resposta que conduz `a santidade. A Igreja, nesse sentido, é continuadora da missão de Cristo e chamada à saída de si a serviço do Reino” (Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 24).
Esse Ano Vocacional quer conscientizar os batizados e batizadas que a Compreensão da Vocação Universal à Santidade, é dirigida a todos, “quer pertençam à hierarquia quer sejam apascentados por ela” (LG, nº 39). A Igreja, como sinal da presença de Deus, em meio aos homens, é instrumento da “íntima união com Deus e da unidade com o gênero humano” (LG, nº 51). Por isso, Deus chama e exige uma resposta, que deve fazer ecoar e arder no coração daquele que é chamado; para isso, é preciso ter um coração manso e humilde, que queira buscar a sua perfeição na fé, na esperança e na caridade. Tais virtudes colaboram na edificação do homem e o ajudam a dar essa resposta consciente e consistente a Deus.
O texto base nos deixa claro que a vocação é Graça, é um mistério acolhido e vivido, no mais íntimo de nosso ser, que busca clarear e aprofundar esse chamamento, “como dom de graça e aliança, como o mais belo e precioso segredo de nossa liberdade”. É na liberdade que devemos responder ao Senhor, pois compreendemos que o chamado é divino, a resposta é humana e a fidelidade deve ser de ambos.
O intuito desse Ano Vocacional é despertar, no Povo de Deus, nos batizados e batizadas, uma “consciência vocacional”, pois, sem ela, a Igreja não terá o vigor missionário que precisa ter.  “O tema e o lema querem favorecer, em cada pessoa, o acolhimento ao chamado de Jesus, como graça, sendo oportunidade para que mais e mais corações ardam e que os pés se ponham a caminho, em saída missionária” (Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 8).
É o momento de reavivarmos em nossas famílias, comunidades eclesiais, movimentos, pastorais e na sociedade, a chama vocacional, buscando uma cultura vocacional, a fim de despertar todas as vocações suscitadas por Deus, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus.
Este é o momento.  Essa é a hora de nos questionarmos e nos colocarmos a caminho, com os pés firmes no chão, com o coração ardente e os olhos fitos no Senhor, no intuito de: cultivar uma sensibilidade vocacional que favoreça a compreensão, a formação e a espiritualidade vocacional; aprofundar a Teologia da Graça e da Missão, dentro da pedagogia vocacional, gerando respostas concretas ao chamado divino, com liberdade e responsabilidade; fortalecer a consciência do discipulado missionário de todos os batizados e batizadas; acompanhar cada jovem, de modo personalizado, em uma maior proximidade e compreensão sobre o serviço e a missão; despertar e acolher vocações à Vida Consagrada e ao Ministério Ordenado, acompanhando os interessados, num processo de formação integral, para que sejam fiéis ao seguimento de Jesus e à missão de servir com alegria e em comunhão, tornando visível o Reino de Deus e a vida plena para todos; intensificar a prática da oração pelas vocações em todos os âmbitos, pessoal, familiar e comunitário; fomentar, em âmbito regional, diocesano e paroquial, um serviço de animação vocacional, com a criação e consolidação de EVPs Paroquiais e Diocesanas.
Que os objetivos propostos neste 3º Ano Vocacional, realmente promovam, impulsionem, fomentem, avancem, gerem, provoquem e proponham uma cultura vocacional! “Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas”, pois é “… a vida fraterna e fervorosa da comunidade que desperta o desejo de se consagrar inteiramente a Deus e à evangelização, especialmente, se essa comunidade vivente reza, insistentemente, pelas vocações e tem a coragem de propor, a seus jovens, um caminho de especial consagração” (Cf. Texto Base, 3º Ano Vocacional, nº 226).
Inspirados em Maria, como primeira discípula do Senhor, concluímos essa reflexão com a poesia de Cordel:
“Maria, Mãe e Discípula,
Missionária do Senhor,
Ensina-nos a servi-lo
Na alegria e na dor.
Virgem Mãe das vocações
Leva os nossos corações
À plenitude do amor”.
Por: Pe. Marcos
Rogério Denardi
Reitor do Seminário
Provincial Divino Mestre
Artigo publicado na nossa revista bimestral A Voz da Diocese

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