Reconstruir a esperança
Iniciaremos no próximo domingo o Tempo do Advento. Com ele, preparamos a celebração do Natal de Jesus Cristo e, especialmente neste ano, queremos, a partir de Cristo reconstruir a esperança. O ano de 2020 está sendo marcado pela pandemia. Com o Regional Sul 3, das 18 dioceses e arquidioceses do Rio Grande do Sul, nós convidamos todos a afirmar: “Deus está conosco”. Os livrinhos para os encontros preparatórios e a guirlanda já estão nas paróquias e casas, para, como famílias, rezarmos e nos prepararmos para reconstruir nossa esperança.
O primeiro encontro nos fala: “não tenhas medo”. Diante de Jesus Cristo, o Filho de Deus que vem ao nosso encontro, nós dizemos: não tenho medo! A esperança que vem dele, sempre vence o medo. Com nosso Papa Francisco nós dizemos que com a pandemia nós vivemos uma grande tempestade. Ela desmascara nossas falsas e supérfluas seguranças para construirmos nossos programas, projetos, hábitos e prioridades (cf. Francisco, 27/03/2020). Porém, ao nos aproximarmos do presépio, no Natal que vai sendo preparado, contemplamos o Menino envolto em faixas, reafirmamos a certeza de sermos sempre amados e acolhidos por Deus, que nunca estamos sozinhos, que nele podemos confiar sempre.
O segundo encontro trata de que “Deus está entre nós”. No caminho de preparação para a celebração do Natal, vamos nos recordar do relato de Lucas: “ela deu à luz seu filho primogênito; envolveu-o com faixas e o recostou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). Cristo é a luz que ilumina as noites escuras de nossa vida. Sua luz sempre mostra o caminho. “Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos em face de guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente” (Francisco, 27/03/2020). O Senhor, de forma surpreendente, sempre nos visita. Ele esteve, Ele está e Ele estará sempre conosco.
O terceiro encontro preparatório trata da “paz na terra”. Os anjos vem anunciar o que se encontra no coração de Deus, a paz para toda a humanidade. Somos uma grande família, uma única humanidade, a todos o Senhor veio visitar e nos libertar. “No Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus se faz homem para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua proximidade” (Francisco, Admirável Sinal, n.6). A espiritualidade natalina é a de construirmos a paz, de nos empenharmos pessoalmente em não semearmos discórdias e intrigas.
No quarto encontro, com os Reis Magos, somos convidados a “uma imensa alegria”. Natal é sinônimo de alegria. A vida cristã é portadora do evangelho, da alegria da salvação em Cristo. Os presentes dos Magos são sinal desta alegria cristã. Deus pode valer-se de muitos modos para atrair seus filhos para conhecer a verdade, que é o seu filho Jesus. “Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. […] Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42,3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança” (Francisco, 27/03/2020).
A celebração penitencial e a vivência da caridade, para os que mais precisam, completa a preparação para este Natal. A guirlanda será nosso sinal visível de comunhão com toda a Igreja, pois o valor será revertido para as coletas evangelizadoras, que normalmente são feitas durante o ano.
Dom Adelar Baruffi
Bispo Diocesano de Cruz Alta