Pastoral da Escuta: ouvidos atentos, empatia e trabalho social
Muitas vezes, envolvidos em nossos próprios problemas, temos dificuldade em ouvir o próximo com empatia e acolhimento. Já em outros momentos vivemos a situação contrária, sentimos necessidade de desabafar e sermos ouvidos com atenção, mas não encontramos alguém disposto a fazer isso por nós. Saber escutar o outro e sentir-se ouvido é fundamental para a saúde mental de todos nós, seres humanos.
Reconhecendo a dificuldade que algumas pessoas têm para serem ouvidas, surge a Pastoral da Escuta. Este é um serviço voluntário prestado gratuitamente pelo Padre e por outras pessoas da comunidade às pessoas em sofrimento. A Pastoral da Escuta abre canais para que a pessoa que está sendo ouvida encontre respostas para seus problemas e perceba a ação de Deus em sua vida.
O agente dessa pastoral passa por treinamentos e depois oferece seu tempo, seus ouvidos e sua capacidade de empatia para ajudar os irmãos sobrecarregados pelas tensões e preocupações do dia a dia. Além disso, acolhe pessoas que vivem na solidão, como idosos e todos aqueles que não são ouvidos sobre suas angústias
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o índice de ansiedade e depressão aumentou 25% no primeiro ano da pandemia. Embora o cuidado com a saúde mental ainda represente um certo tabu, os números alarmantes de pessoas sofrendo e aumento nos casos de suicídios foram algumas das razões que motivaram a criação da Pastoral da Escuta em nossa diocese.
Embora não substitua o trabalho de psicólogos e psiquiatras, a Pastoral da Escuta visa oferecer uma escuta qualificada de forma gratuita, além de encaminhar as pessoas atendidas a profissionais de saúde, assistência social ou às pastorais sociais da Igreja, de acordo com a necessidade. Ou seja, o trabalho não se resume a escutar, mas também ajuda as pessoas atendidas a darem os próximos passos.
“A Pastoral da Escuta é essencialmente escuta e não deve ser confundida com confissão, terapia, orientação espiritual ou catequese, […] É alguém que se dispôs a simplesmente ouvir”.
(José Carlos Pereira, no livro “Pastoral da Escuta: por uma paróquia em permanente estado de missão”)
Os agentes de pastoral e o Padre também rezam pelas pessoas, tanto aquelas que pedem oração, como as que não pedem. Essa é uma forma de contribuir com o estado de missão permanente da Igreja, atendendo sistematicamente as pessoas, ouvindo-as e buscando discernir suas necessidades à luz da Palavra de Deus.
A escuta, na postura do discípulo, promove a conversão pessoal tanto de quem escuta como de quem é ouvido. Por isso, os agentes pastorais colaboram com a comunidade ao mesmo tempo em que são beneficiados pela dedicação. No entanto, quem não tem paciência e fé para escutar a Deus provavelmente não conseguirá escutar seus irmãos oferecendo privacidade e garantindo o sigilo sobre aquilo que foi ouvido. Levando em conta a seriedade de um serviço de escuta qualificada, não é possível entrar para a Pastoral da Escuta sem antes passar por etapas de estudo e treinamento.
O Padre Eliseu Oliveira explica que todos os agentes estudam como escutar com empatia, o sofrimento psíquico, o funcionamento do inconsciente, as doenças causadas pela falta de ter alguém para conversar, e temas como a violência contra a mulher e o serviço social no atendimento das pessoas em necessidade.
Iniciam atendimentos na Diocese de Cruz Alta
Os atendimentos da Pastoral da Escuta iniciaram pelo município de Cruz Alta. Para quem deseja conhecer mais sobre o trabalho da Pastoral da Escuta, seja para atuar como agente de pastoral, ou para ser atendido pelo grupo, os atendimentos serão realizados todas as terças-feiras, das 9h às 11h, de maneira itinerante:
1ª terça-feira do mês: Matriz Imaculada Conceição
2ª terça-feira do mês: Catedral do Divino Espírito Santo
3ª terça-feira do mês: Matriz Nossa Senhora do Rosário de Fátima
4ª terça-feira do mês: Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima
Por: Isadora Daltrozo Torres
Pascom/Paróquia Imaculada Conceição