Ser mãe, hoje
As mães são, como nos diz o ditado popular, três pilares de quatro de uma casa. O Papa Francisco: “Queridas mães, obrigado, obrigado por aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo” (AL 176). As mães são uma boa notícia para toda a humanidade. Neste Ano da Família “Amoris Laetitia”, de 19 de março de 2016, ao celebrarmos os cinco anos da carta apostólica, nosso Papa nos convida a olhar novamente o dom da família, a assumirmos os desafios que dela brotam, a sermos, nós pastores, próximos dos casais e a ajudarmos a buscarem o sacramento do matrimônio.
Uma criança sempre nasce de uma gestação de nove meses, com sua mãe. A vida que nasce deve ser esperada e acolhida. O amor dos pais é instrumento do amor de Deus Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente. O filho que chega é amado gratuitamente, unicamente por ser filho, “não porque é bonito ou porque deste modo ou daquele, mas porque filho” (AL 170). A maternidade é sempre fonte de muita alegria para a mãe. Nada lhe tira a alegria interior da maternidade, pois a criança merece a alegria e a acolhida. Desde cedo, as crianças aprendem que o fundamento da vida humana é o amor, que experimentam na acolhida, no olhar, no sorriso e em todos os gestos maternos e paternos. Não somente o amor de ambos, separadamente, mas o amor do casal, “como ninho acolhedor e fundamento da família” (AL 172). A mãe testemunha aos filhos a beleza da vida.
Porém, a idealização da família, por si só, não responde aos desafios que elas vivem. Como todas as realidades humanas, não são realidades prontas, mas a caminho, num constante processo de amadurecimento na capacidade de amar. Alguns, pelas suas circunstâncias, estão bem próximos do ideal proposto, outros sabem que ainda precisam caminhar e crescer. Isto faz com que a vida seja uma positiva tensão entre o ideal desejado e o real vivido. Assim, é ilusão querer famílias perfeitas, cônjuge, mães e filhos perfeitos. Como nos recorda o Papa: “É preciso pôr de lado as ilusões e aceitá-lo [o cônjuge] como é: inacabado, chamado a crescer, em caminho” (AL 218).
A mãe é, ainda, a primeira responsável pela educação e transmissão da fé. A fé é um dom recebido no batismo, mas precisa da colaboração dos pais para seu desenvolvimento. “Por isso, é bonito quando as mães ensinam os filhos pequenos a enviar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Quanta ternura há nisto! Naquele momento, o coração das crianças transforma-se em lugar de oração” (AL 287).
Quantos desafios, hoje, com a falta de firmeza antropológica nas relações familiares. O amor matrimonial ficou fluido, sem a base da indissolubilidade que os matrimônios pedem. Neste sentido, faltam o emprego, a ausência de um caminho cristão maduro, a realidade da violência a que tantas mulheres são sujeitas, a falta do mínimo de condições para que possam reagir e agir de maneira diferente. É preciso a força da bênção de Deus, no sacramento do matrimônio, com uma vida de oração. Com esta bênção, cada um dos cônjuges é instrumento de Deus para fazer o outro crescer. Recordemos nosso Papa: “Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! O que nos é prometido é sempre mais. Não percamos a esperança por causa de nossos limites, mas também não renunciemos à procura da plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (AL 325).